“É o desenho que dá forma aos seres; é a cor que lhes dá a vida.
O artista nem sempre sabe o que a cor de sua paleta produzirá de efeito. Ele a observa lá aonde preparou e a transporta pela ideia para o lugar onde ela deve ser aplicada. Mas quantas vezes não lhe acontece enganar-se nessa apreciação. Passando da paleta à cena inteira da composição, a cor é modificada, atenuada, realçada e muda de efeito. Então o artista, tateia, maneja e remaneja a sua cor. E durante este processo as tintas reagem mais ou menos uma sobre as outras e, cedo ou tarde, se desacordam.
No entanto, sabemos que há um prestígio do qual é difícil garantir-se que é o de um grande harmonista. Em geral, a harmonia de uma composição será tanto mais durável quanto mais o pintor tiver estado seguro do efeito de seu pincel, tiver pintado mais desassombradamente, mais livremente; tiver remanejado, atormentado menos sua cor e a tiver empregado de forma mais simples e mais franca”.
Denis Diderot, 1766