Na aurora do século XX, a metáfora musical impõe-se cada vez mais no discurso sobre a pintura. As pesquisas plásticas sobre a forma e a cor, a renúncia a toda figuração mimética ou realista, a idéia de pintura pura, encontram sua correspondência na música, à qual os pintores recorrem com frequencia, como a um modelo. O exemplo é Kandinsky, nascido em Moscou, o pai da arte abstrata.
Kandinsky distingue a ação física da cor sobre o olho e sua ação psíquica ou espiritual, aquela que a cor provoca na alma. A cor deve ser para o pintor o que a palavra é para o poeta, um ‘som interior”.
Na arte, a teoria jamais precede a prática, assim como tampouco a comanda. É somente pela sensibilidade, principalmente no início, que se chega a alcançar o verdadeiro na arte. Quando a alma é estreitamente ligada ao corpo, uma emoção qualquer sempre pode, por associação, provocar nele outra que lhe corresponda. No indivíduo evoluído, o acesso à alma é direto, pois a própria alma está aberta a outras impressões, dizia ele.
Desde cedo os pais de Kandinsky lhe imprimiram um amor pela música que, posteriormente, influenciaria a sua obra. Para Kandinsky a pintura deveria almejar-se ser tão abstrata quanta a música.
Fonte: Do espiritual na arte.